sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Parabéns, Samarco! Hoje o resultado de sua negligência faz aniversário.

A história do distrito de Bento Rodrigues começou a ser escrita em 1697 quando um bandeirante paulista, tomado pela febre do ouro, chegou à região determinado a encontrar tão precioso metal.
Encontrou e em seguida fundou nas redondezas, um povoado que levava o seu nome. Nascia ali, o povoado de Bento Rodrigues, que até o fatídico 05 de novembro de 2015, contava com cerca de 600 habitantes, distribuídos em aproximadamente 200 casas.

O distrito da cidade mineira de Mariana foi um importante centro de mineração no século XVIII e fazia parte também do caminho da Estrada Real, que o ligava aos distritos de Santa Rita Durão e Camargos.

Esse pacato distrito foi destruído pela ganância.
Onde antes havia residências, hoje se tem ruínas cobertas por lama.
Onde antes havia uma pracinha, hoje nada se vê.
Onde antes se viam pessoas felizes, sorrindo a todo momento, hoje há visões de dor e sofrimento.
Onde antes se via uma pequena cidade, hoje, nada mais se vê além da destruição.

Bento Rodrigues encontra-se soterrada sob um mar de lama desde então. Seus moradores, vítimas da ganância e da negligência da mineradora, um ano depois de todo ocorrido, ainda não sabem quando receberão a indenização devida pela Samarco.


Aqueles que perderam a casa, receberam uma indenização de R$ 20 mil e quem perdeu moradia de fim de semana R$ 10 mil. "Quando uma pessoa sofre um dano, o caminho natural para a reparação é entrar com ação judicial e aguardar o julgamento. A indenização é paga após o trânsito em julgado. Para que as pessoas não esperassem tanto, nós negociamos o adiantamento. Mas é um valor parcial. E no final, quando for decidido o valor total, esses adiantamentos serão descontados", explica o promotor Guilherme de Sá Meneguin em entrevista ao site terra. As famílias das 19 pessoas que morreram tiveram um adiantamento de R$ 100 mil.

Sobreviventes

Dentre os sobreviventes desta tragédia, está uma professora, que estava na escola de Bento Rodrigues no momento exato em que a barragem se rompeu. Como pode ser visto no depoimento dela, o distrito não dispunha de nenhum sistema de alarme para o caso de um rompimento de barragem. Os habitantes locais ficaram sabendo do ocorrido por intermédio de outra moradora que, ao ser noticiada do rompimento, montou em sua moto e saiu distrito afora para alertar a toda população.

Veja o depoimento:


As dificuldades enfrentadas

Não bastasse toda incerteza acerca da indenização, os atingidos de Bento Rodrigues ainda tem que lidar com mais dois fatores, que são:

  1.  A hostilidade de alguns moradores da cidade de Mariana, pois alguns nutrem um sentimento de que eles (atingidos) não deveriam estar ali. Realmente, não deveriam. Deveriam estar em suas casas, em seu distrito. Mas eles não podem. Metade do distrito de Bento Rodrigues está submersa devido à construção de um dique da Samarco.
  2. É exatamente isso que você leu no final do ponto anterior. O distrito está prestes a sumir, como pode ser conferido nesta reportagem.  Isso se deve ao fato de que o Governo de Minas autorizou a construção de um dique para conter os rejeitos da Barragem de Fundão.
Em entrevista o site vice, José Barbosa, um dos moradores do distrito de Bento Rodrigues comenta:
"Muitos dizem que nós temos vida de rei. A maioria do Bento vivia nas suas próprias casas e hoje nem um lar nosso nós temos. Que vida de rei é esta?"

Seu José recebeu uma quantia de R$20 mil reais, relativa à indenização e atualmente recebe um "auxílio" por parte da mineradora no valor de um salário mínimo, acrescido de um valor de 20% por dependente, que no caso dele é apenas a esposa, uma cesta básica e o aluguel de uma casa em Mariana.

E a dúvida que fica é:

Até quando a Samarco seguirá impune? Até quando os moradores de Bento Rodrigues seguirão na incerteza de um auxílio que lhes é devido e que é nada mais do que o mínimo a ser feito pela mineradora?

Bento Rodrigues, apesar de seu tamanho, era um distrito muito mais antigo do que as cidades de Ouro Preto e Mariana. Não deixemos que sua história termine assim.

Jamais esqueceremos de Bento Rodrigues!


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