Fazer o bem,
abraçar causas sociais, auxiliar nas políticas públicas já existentes são ações
que vemos crescer exponencialmente.
Entre alguns
famosos (e não famosos também) isso virou modismo. Sim, modismo!
Modismo,
pois não se tem uma consciência crítica, não se vê uma politização nem uma
tentativa de se pensar além do que se apresenta.
Recentemente
a marca de camisetas do apresentador Luciano Huck (usehuck), que tem “fins
sociais” e convida os consumidores a comprar para fazer o bem, lançou uma
coleção infantil para o carnaval, com a frase estampada em cores alegres “Vem
ni mim que eu tô facin” e para promover, crianças usam o produto como se vê na
imagem:
A naturalização de violências está tão enraizada na nossa cultura que as pessoas não param para analisar que justificar isso com “é por um bem maior” ou ainda “é só uma brincadeira”, pode ter efeitos nocivos na sociedade e pior ainda, na base de nossa sociedade: as crianças.
Muito fácil ir para a TV e pregar de bom moço, fazer o bem sem olhar a quem, difícil é ver que fazer o bem sem olhar a quem, pode fazer mal aos que não são vistos.
Agora tracemos um breve histórico do Luciano Huck:
No dia 27 de
abril de 2014, o jogador Daniel Alves foi vítima de racismo durante uma partida,
na qual torcedores jogaram para ele, uma banana. Ele simplesmente abaixou-se,
pegou a banana, comeu e continuou a jogar.
Após este
episódio, Luciano Huck, no que parecia ser o auge de sua imbecilidade,
apropriou-se de uma luta que NÃO o pertence e lançou em seu site, a camisa da
pseudo-campanha promovida por ele “Somos Todos Macacos”:
Já no
sábado, dia 13/12/2014, ele novamente nos “presenteia” com a seguinte situação:
Durante uma
entrevista com a ex-ginasta Lais Souza, que ficou tetraplégica após um acidente
de esqui, a Lais mostrou duas novas tatuagens nas pernas, em referência aos
Jogos Olímpicos que havia disputado, ao que Luciano Huck a interroga:
- Doeu [pra
fazer]?
- Não. –
Respondeu Lais
- Tem essa
vantagem, né? Disse ele, em “tom de
brincadeira”, por que né? É SEMPRE apenas uma brincadeira.
- Não. –
retrucou a Lais.
Como se não
bastassem estas situações mencionadas até o presente momento, eis que o site “usehuck”
nos surpreende (ou não) com mais e mais situações de preconceitos
naturalizados, sendo elas:
Quando o
site resolve achar “legal” pregar e naturalizar a gordofobia:
Ou quando
acha super de boa fazer camisas para mulheres com estampas machistas:
Ou quando a
marca “usehuck” simplesmente achou O.K. fazer piadinha com a religiosidade
negra baiana...
(Clique para ampliar)
E o que
dizer então dessa “belíssima” camisa que acha desnecessário o recorte de
classe?
(Clique para ampliar)
Fazer o bem
sem olhar a quem... É muito fácil
dizer-se em prol de causas sociais quando se está no “pedestal” dos
privilégios... É desonesto dizer-se a
favor de causas sociais enquanto se apropria de seus símbolos e / ou lutas... É
desonesto dizer-se contra o racismo, ao passo em que grita aos quatro cantos
que “Somos Todos Macacos” ou que “Igualdade is the new black”, enquanto se está
usufruindo de seus privilégios brancos... É desonesto dizer-se contra qualquer
forma de discriminação quando zomba de religiões de matriz africanas, ou quando
diz que “se concentração ganhasse jogo, time do presídio não perdia uma partida”.
Portanto, Luciano e galera da Use Huck: Não adianta dizer-se em prol das pessoas negras, quando se está apropriando da luta delas, isso não é apoio, é apagamento!
Não adianta dizer-se em prol das pessoas de baixa renda quando se está vendendo para outro público, camisas elitistas.
Não adianta dizer-se em prol das mulheres enquanto se fabrica camisas com conteúdo machista E gordofóbico.
Antes de mais nada, se quer MESMO dizer-se em prol de alguma causa de alguma 'minoria', tenha certeza absoluta de que está reconhecendo seu local de fala e seus privilégios.
Att.
O Casal
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